4.11.08

Parece que todo mundo tem alguma coisa a dizer

Tudo começou no último domingo, dia inútil por definição que não fugiu à regra. Mas aconteceram várias coisas que foram me deixando triste, aos pouquinhos. E aí veio esta vontade de escrever que, segundo já me disseram algumas vezes, não deve jamais ser ignorada.
Felipe Massa perdeu o campeonato mundial de Fórmula-1. E eu, que nem ligo tanto para esse esporte, tinha ficado muito contente com a perspectiva de que ele ia ganhar, mas tomei um tombo.
Meu braço direito está doendo de um jeito que não está escrito em lugar algum, porque eu carreguei a Camila no colo ontem mais do que eu deveria e ainda joguei Wii.
Por fim, Mariana me fez ler artigos e ver um vídeo que me fizeram chegar a esta conclusão que dá nome a este... hum... texto... parece que todo mundo tem alguma coisa a dizer!
Os artigos falavam sobre os desafios de uma mulher solteira e bem-sucedida profissionalmente que foi morar sozinha no Rio de Janeiro. Sobre como ela sente vontade de dar, mas não pode, e como existem certas condutas que as pessoas adotam que são absolutamente ridículas.
Num dia normal, eu não teria achado nada demais. Na verdade, eu nem achei, mas gostei de como ela escreve porque ela não tem medo de falar caralho e chamar de filho da puta quem merece. Convenhamos, gordas em sapatos de salto com calças apertadérrimas e calcinhas minúsculas são umas mal-comidas ridículas e alguém tem que dizer isso a elas. Ou dizer, apenas.
O vídeo tratava dos pensamentinhos que a gente tem quando criança, mas que acaba reprimindo e depois esquece. Lembrei daquela passagem do Pequeno Príncipe (eu consultaria para escrever direito, mas o meu está com o André, em Portugal) em que o autor desenha a cobra que comeu o elefante e todo mundo diz que é um chapéu, o que faz com que ele acabe desistindo de uma carreira artística potencialmente promissora.
O vídeo em si tinha muitas pretensões de ser fofo e acabou ficando meio irritante. De todo modo, havia bons conceitos ali. Por exemplo, se nada nessa vida é perfeito, por que existe a palavra “perfeito”?
Então assim, talvez eu tenha certas coisas a dizer também. Não, eu não acho que as minhas serão de alguma forma melhores do que as da mulher mal-comida do Rio (pois é, ela escreve bem, mas isso não muda os fatos), ou do que as de Saint-Exupéry. Não dá sequer pra garantir que serão melhores do que os pensamentos que supostamente povoam a cabeça das criancinhas do vídeo.
Mas eu preciso dizer. E vou dizer porque eu recebi tantos elogios sobre a forma como eu escrevo essa semana (foram três, mas acho que isso já me dá a legitimidade que eu preciso) que a vaidade subiu à minha cabeça.
Hoje foi dia de finados e amanhã faz 9 anos que meu avô morreu. Nove anos! Tipo, quase uma década inteira sem o sr. Celso. E eu penso nele todos os dias, como tinha que ser.
A morte dele representou um desespero tão intenso que eu realmente não sabia para onde olhar, o que fazer. Eu me senti traída por ter acreditado tão sinceramente que aquilo não aconteceria daquele jeito, naquele momento. A este respeito, eu poderia escrever muito, porque falar do meu avô é facílimo. Entretanto, transcrevo apenas o seguinte trecho de uma música que eu tenho ouvido bastante:
“Sorrow drips into your heart through a pinhole/ just like a faucet that leaks and there is comfort in the sound”.
A primeira vez que eu escutei esta letra eu não entendi qual era. Depois, pensando a respeito, eu percebi que se aplica à história da perda de alguém de quem se goste muito, pelo menos para mim.
Para explicar, acho que eu tenho que dizer que realmente tenho um problema com sons repetitivos. Buzinas, alarmes de carros que disparam, campainhas (de porta, de celular), tudo o que é som e repetitivo e não é música me tira do sério.
A explicação que eu tenho é que até aquilo que mais perturba, mesmo o que incomoda muito fica pequeno e até reconfortante quando se está diante de uma situação dessa.
Era isso.

2 comments:

Carol said...

Ae! Fico feliz de ter contribuído de alguma forma - mesmo que pequena - para esse blog!
Adorei flor!!

Unknown said...

Gabi, parabéns pelo blog!
Realmente, vc escreve mto bem!
Vou comentar alguns trechos!
Bjos

"Convenhamos, gordas em sapatos de salto com calças apertadérrimas e calcinhas minúsculas são umas mal-comidas ridículas e alguém tem que dizer isso a elas. Ou dizer, apenas."
Já disse mto esse tipo de coisa e concordava com isso, mas mudei mto de idéia... Já quebrei mto a cara e percebi como todos nós, ou seja, como eu sou também, diariamente, "gordas em sapato alto com calças...'.

Pequeno Príncipe - Todo mundo adora esse livro, li esse ano por curiosidade e achei meio sem graça... é foda, meus gostos são meio distorcidos...por exemplo aqueles filmes 2001 e cidadão Kane, q todo mundo fala tão bem, achei tão chatos...me preocupa um pouco isso, queria concordar com todos mais frequentemnete...mas não consigo =D
Mas essa passagem q vc citou é msmo bonitinha, lembrei dela qdo vc falou aqui.


Por exemplo, se nada nessa vida é perfeito, por que existe a palavra “perfeito”?

Posso ter entendido o argumento errado, provavelmente o fiz, mas oq eu entendi me pareceu um argumento mto fraco! pra que existe as palavras "lobo mau"? "fada encantada"? ou "infinito"? Ora, as coisas e os conceitos não precisam necessariamente existir no mundo real...

Avô - mto bonito esse sentimento com seu avô.

me faz até me sentir meio mal pq meus quatro avós já se foram e na maioria do tempo eu nem lembro disso...triste, mas real... =/

Achei mt legal a história q vc me contou na sua casa dele te ensinar o Japonês...

Sons - Sons repetitivos não me incomoda, mas sabe um q eu tenho TRAUMA? aquele som horrível q o carro faz qdo vc tenta mudar a marcha sem pisar na embreagem direito, huauhahuhuaa...infernal