9.11.09

pagando a dívida

Esse não é o meu primeiro blog e, durante um tempo, também não foi o único. Jà tive um antes e um que criei depois desse, mas só esse resistiu.
O primeiro eu fiz quando esse negócio ainda era super modernidade e o conceito de página pessoal era para os muito antenados. O template incluía flores brancas num fundo amarelo e uma foto bem grande... da Hello Kitty.
Em minha defesa, não fui eu que escolhi o background nem nada daquilo. Tudo quem fez foi uma amiga que hoje em dia nem amiga é mais. Assim, eu também não me opus, mas o crime, se houve, foi de omissão e não de ação.
Passados vários anos, para ser sincera, eu nem sei que fim o tal blog levou, não me lembro de sequer um post que eu tenha escrito lá e agora, tentando procurá-lo pelo nome, só posso imaginar que ele tenha ido para onde quer que os blogs cansados e inutilizados vão... cemitério, lixo eletrônico, não entendo muito bem da vida e morte das páginas de internet.
Depois, no final do ano passado, teve outro, por ocasião dessa última viagem que eu fiz com a Carol (cuja menção aqui é extremamente pertinente, na medida em que me dá a deixa para explicar que a dívida que eu estou pagando é justamente com ela, a quem eu prometi post novo após o projeto de mestrado - sim, também acho chique ter demanda por posts e mais chique ainda poder dizer "ai, agora não dá, quando der eu escrevo").
O nome era bom, a gente tinha boas histórias pra contar, o feedback estava sendo positivo e, mesmo assim, um dia, num acesso de raiva contra o mundo, eu o deletei da vida internética. As razões para isso foram simples, e duas: a primeira, era para ser um blog de nós duas, mas só eu tinha postado até aquele ponto. Já a segunda, crucial para o que eu estou querendo dizer, é que eu mesma quase nunca postava.
Naquela época, me incomodava muito essa idéia de ter um blog e nunca postar, porque eu achava muito frustrante visitar os dos outros e não ter atualizações, e não queria ser a responsável por fazer surgir esse tipo de sensação em terceiros.
Eis que, alguns meses depois, eu meio que me tornei precisamente o tipo de gentinha que eu criticava. O mais curioso é que, superada a intensidade característica de tudo o que é recente, eu já nem me considero assim tão ruim por conta disso.
Posso até não atualizar, mas está aqui, é meu para quando eu quiser. Pura segurança.
Pois bem. A tese e o projeto de mestrado passaram, e aí voltei eu a visitar os blogs que eu antes acompanhava e a ler os jornais de sempre. E grande foi a minha surpresa ao descobrir que um desses blogs meio que acabou.
Depois de três anos e meio de sentimentos intensos e de crises existenciais, nego me lança um último post que, para meu espanto, persiste já tem mais de dois meses, no qual se diz apenas que "tudo está no seu devido lugar".
E a pessoa também apagou todos os seus posts anteriores, talvez na ânsia de demonstrar o seu ponto de que de fato já não havia mais razão para escrever. Uma pena, tinha muita coisa boa lá, mas sabe como é... se está tudo no lugar certo, é fácil concordar que não há porque manter ali as recordações de tanta insegurança, solidão, cansaço, e aí se acaba apagando também a alegria e as boas novidades. O cara devia achar que era o preço a se pagar, com o que eu sou obrigada, em nome da coerência, a concordar.
Calma, calma. Não vos desespereis, porque no meu caso ainda não dá para fazer isso. Não há qualquer motivo específico, só acho que não dá.
De toda forma, sou da opinião de que, se está tudo tão certinho, tão ridiculamente acertado que permita largar para trás o registro daquilo que nego andou sentindo, era melhor apagar logo o blog duma vez. Por que manter um raio duma página que tem 3 linhas de conteúdo? De que forma isso a torna interessante para a própria pessoa ou para a internet?
Então vem a profecia: quando esse blog aqui for sumir, ninguém vai nem saber por onde. E, no futuro, com sorte as pessoas vão se referir a ele como uma lembrança esquisita, daquelas que a gente não tem certeza se aconteceu ou não, de tão perdida que vai ficando no passado.

Muahaha.

Por enquanto, porém, eu asseguro: podemos todos dormir tranquilos. Eu critico a falta de macheza nos outros, mas sou a primeira a reconhecer que também sou bem frutinha.

Ehehe.