29.11.08

a minha decoração de natal

Uma das pouquíssimas coisas de que eu gosto a respeito do natal é o fato de que todo ano, infalivelmente, minha avó enfeita a casa dela inteirinha. Então, quando eu chego para a ceia, está lá tudo bonito e arrumadinho, e boa parte da graça vinha justamente de estar tudo pronto e eu não ter visto o processo. Isso tinha lá a sua magia.
Semana passada eu fui visitá-la. Minha tia que mora com ela viajou no dia em que eu cheguei, e a Giulia e a Beatriz, minhas priminhas, vieram ficar com a gente depois da escola.
Lá pelas tantas, minha avó decidiu que seria a hora de começar a montar a decoração de natal. Foi lá na despensa e voltou com uma caixa e 17 sacolas, aproximadamente.
Eu estava indo para o quarto com as meninas porque, afinal, aquilo era assunto dela, mas ela não deixou. Resolveu me pedir ajuda.
Como eu não sou a pessoa que nega pedidos à própria avó, eu comecei a empurrar móveis, desencaixotar a árvore de natal, pendurar guirlandas, bolinhas e bonecos. E aquilo me deixou triste, porque tudo o que eu estava fazendo tinha que ter sido feito pela mão invisível do papai noel que conduz o natal em São José (à la Adam Smith).
Para minha imensa surpresa, as meninas estavam se divertindo muito com tudo aquilo. Elas gostaram de pendurar cacarecos na árvore e de me ver com medo de cair do banquinho capenga que me foi disponibilizado para pendurar o papai noel pára-quedista no lustre da sala.
Do ponto de vista delas, a diversão não era encontrar tudo pronto, era fazer. E isso me deixou meio perplexa, porque para mim sempre foi reconfortante ver que a minha avó tinha despendido tempo e carinho para fazer a casa ficar bonita para mim, os filhos, os outros netos e os agregados, porque sempre os há.
Mas Giulia e Beatriz não precisam disso. Acho que as crianças de hoje são mais fortes. Ou simplesmente não têm as mesmas ilusões que eu tinha, porque eu de fato tinha lá as coisas faziam o meu natal ser "mágico" e divertido. E essa era uma delas.
E pensar nisso me fez perceber que o natal é uma grande mentira. Se eu quisesse parecer melhor do que eu sou, eu diria que é por isso que eu não gosto dele, mas até não é. Não gosto porque acho triste e implico. Implico mesmo.
Talvez, por ter essa picuinha, eu tenha exagerado, confesso. “Grande mentira” é forte demais. O natal está mais para uma mentirinha branca, daquelas que a gente ouve, acredita ou não, mas repete, passando adiante, porque sabe que não vai fazer mal algum a ninguém.
Às vezes acho que a gente simplesmente precisa de uma mentirinha branca.
Tem situações em que a realidade é difícil demais de encarar, então a gente inventa uma explicação alternativa, como é o caso de quando alguém que a gente gosta morre.
Ou então você passou o ano inteiro trabalhando, longe de todo mundo, correndo para lá e para cá, e precisa tirar uns dias para encontrar a família ou só relaxar. Daí entra o natal. Lógico, vem encapado de celebração do nascimento de Jesus e tal, mas é feriado mesmo para quem não acredita nEle, o que só evidencia mais o seu caráter de inverdade da espécie alva.
A maior vantagem dessas mentirinhas brancas é que elas são muito convenientes. Adoro ter legitimidade para passar a tarde assistindo filmes velhos da programação bizarra de fim de ano porque é natal.
É a mesma coisa com a história do céu. Tiram de você alguém que você ama, mas te dão em troca a esperança de poder reencontrá-la um dia. Não dá para negar que é um conforto pensar que eu vou reencontrar o vô Celso e o Di, um dia; esses pensamentos tornam a realidade bem mais suportável.
Como se não bastasse, dizem por aí que o reencontro se dará num lugar melhor, onde a gente não vai ter que se preocupar com trabalho, nem com dinheiro, nem em perder tempo longe do que importa, nem com a segurança, nem com nada. Pô, animal.
Mas a verdade é que só reencontrá-los já bastava.

(caso não tenha dado para perceber o espírito, esta é a decoração de natal deste blog.)

26.11.08

no meio do caminho

Outro dia, conversando com um amigo no MSN, eu percebi que eu estou sempre no meio do caminho. Estou entre ser boa aluna e largar isso de vez (porque o desprendimento de não ver aula eu já tenho, mas ainda me sinto obrigada a estudar mais do que é saudável para as provas), entre a iniciativa privada e o Ministério Público, entre ser boa amiga ou boa neta, e no meio de alguns outros caminhos sobre os quais eu sequer me atrevo a escrever.
Fosse este post um livro de auto-ajuda, eu diria que eu estou numa “fase de transição” - a galera da auto-ajuda é muito boa em arranjar nomes eufemísticos para quando você tá na roça.
Fosse isto um livro de teoria geral do Estado escrito pelo Tojal, minha situação atual se chamaria “crise dos paradigmas”.
Por esta lógica, fosse este humilde texto um livro de auto-ajuda-jurídica, seria uma “crise - do tipo ‘de crescimento’ - dos meus paradigmas”.
Não é, é antes um post-justificativa do porquê eu ando escrevendo pouco, e a culpa é das provas. O resto eu vou resolver, mas depois que elas passarem.
Agora, como eu já não estou estudando mesmo, vou aproveitar para compartilhar os meus pensamentos de, 2ª feira, quando eu estava indo para o escritório, debaixo de super chuva.
Eu tenho a impressão de que dias chuvosos me fazem pensar mais do que dias ensolarados, nem que seja só algo simples do tipo “ai, ainda bem que eu estou em casa”.
Na 2ª feira, eu não pude ficar debaixo do cobertor quentinho porque tive que ir trabalhar. Calcei as minhas botas, peguei meu guarda-chuva e fui.
Pensei que era bom ter botas naquele dia em que chovia torrencialmente, e que se eu não as tivesse calçado, eu certamente teria molhado os pés e passado o resto da tarde de mau-humor.
Achei que tinha sido uma boa idéia pegar a sombrinha, mesmo meio quebrada, ao invés de vestir a capa, porque eu não ia ter onde pendurá-la e ela ia ficar cheirando a mofo e eu ia ter nojo de vesti-la de novo depois.
Aí eu entrei no metrô, e sentei. Na estação seguinte à minha entrou uma mulher que me fez vivenciar a cena mais ridícula dos últimos tempos.
Convém observar que a idéia original não era parafrasear Drummond, mas parece que ele roubou essa frase para ele e agora quando alguém diz tem que citá-lo. Tudo bem, eu gosto dele.
Então, estava eu, indo para o escritório... e, no meio do caminho, tinha uma GORDA. E tinha uma gorda no meio do caminho.
Branca de pele, morena de cabelo, estatura mediana, indíce de massa corporal muito acima do recomendado pela OMS, vestindo uma bata larguinha. Manja aquelas mulheres “fortes”? Ela!
Parou na minha frente, com uma postura toda digna. Toda pomposa e cheia de si. Olhou para mim como se eu fosse um verme. Calmamente, abriu uma revista “Crescer” e começou a folhear.
Recapitulando, o quadro era o seguinte: estava eu sentada no banco marrom (jamais sentar nos bancos cinza-reservado do metrô), com uma mulher parada na minha frente, cuja linguagem corporal dizia claramente “você está no meu lugar”.
Só que esta distinta cidadã era gordíssima. E, a que eu saiba, o sobrepeso ainda não dá àqueles que o ostentam o direito de pleitearem lhes seja cedido o assento.
Daí a vadia abre uma revista de nenê, vários nenezinhos bonitinhos na revista inteira, e começa a folhear. Só pode ser palhaçada!
Não tinha, juro, não tinha como saber se ela estava grávida! A não ser pela atitude altamente sacana da revista, então eu não levantei. Pode ser que ela estivesse, porque ninguém sai por aí folheando revistas de nenê, não é lá que estão as melhores reportagens. Mas, e se ela não estivesse e eu levantasse para ela sentar?
Ridículo, a gorda me meteu na maior situação ridícula.
E as minhas retinas tão fatigadas nunca se esqueceram...

20.11.08

sobre as escolhas fáceis

Hoje eu li uma reportagem sobre como as fêmeas de macaco se comunicam até 13 vezes mais entre si do que os machos. Na hora que eu vi a manchete, eu pensei em tiozões que se acham engraçadões dizendo “tá vendo? Até as macacas são fofoqueiras... é do gênero feminino!” (ok, eles jamais diriam nestes termos, mas eu precisava sintetizar a idéia)
Na verdade, elas se comunicam mais para estabelecer estruturas sociais mais sólidas, que viabilizam a convivência em grupos como os que os macacos formam, mesmo porque os machos tendem a mudar de bando, enquanto as fêmeas sempre ficam no mesmo, sendo responsáveis pela criação dos descendentes.
O que isso me fez pensar é que, às vezes, as pessoas simplesmente encontram soluções mais fáceis para determinadas situações que se apresentam, ao invés de investir algum tempo e dedicação na busca de melhores ou mais adequadas respostas (no caso: mulheres são fêmeas/macacas são fêmeas. Mulheres são fofoqueiras. Logo, macacas fêmeas são fofoqueiras).
Por exemplo, outro dia eu estava conversando com a Carol sobre uma novela que passou há vários anos e que a gente assistia. Era uma novela das oito e, portanto, tinha que conter certas cenas de sexo, ou, pelo menos, de insinuação de sexo. O que fez o autor então? Inseriu ali uma personagem ninfomaníaca! Vejam só... assim ele não teria que se preocupar em ficar inventando situações esdrúxulas em que o mocinho encontra a mocinha caminhando na praia e o amor fulmina, o desejo arde e eles transam. Não! Cada vez que a audiência começasse a cair, a mulher tinha um surto e dava loucamente para o marido. Simples assim.
De outro lado, naquele romance Ramsés, o faraó que dá nome ao livro é completamente apaixonado pela sua esposa, Nefertari. Mas também, pudera. A mulher é maravilhosa, simplesmente irresistível, e o amor dos dois é perfeito, porque é impossível não amá-la, e ele se rende aos infinitos encantos dela. Assim, poderia o autor ter escrito sobre uma relação de conveniência, jogos de poder, e de convivência difícil de um homem com o maior ego do mundo (o cara era um deus vivo) com uma mulher provavelmente muito vazia e superficial, que acordava mal arrumada e só se interessava por riqueza? Poderia, mas não escreveu.
Por fim (né?), o Rei Leão. Eu não queria ter que falar mal dele não, mas assim... a Disney fazer um filhote de leão entrar numa crise existencial, por mais profunda que seja, é quase uma palhaçada. Porque, em se tratando de Disney, é óbvio que o bicho estaria fadado a superar quaisquer conflitos interiores que o afligissem. E quando ele se encontra, o que ele é? Uma cigarra? Um porco-espinho? Um peixe bioluminescente? Não! Ele é um leão, o rei dos animais. Quer mais fácil que isso? Queria ver uma tênia se descobrindo enquanto tênia e ainda assim sendo feliz...
Pensei bastante em qual seria a explicação para essas escolhas fáceis que alguns autores (em maior número do que eu gostaria) fazem. A única que eu consegui foi: porque eles escrevem por obrigação, têm prazos a cumprir e têm que agradar (e, no fim, até sabem agradar).
Só que essa minha resposta é simplória, e acaba caindo exatamente no erro que eu venho condenando neste post inteiro, já que todo mundo que escreve, escreve por obrigação.
Não obrigação no sentido legal do termo, de uma prestação devida. Obrigação no sentido mais lato que pode ter, ou seja, porque não tem opção.
Lógico, eu poderia sair para correr, se a idéia fosse liberar a mente desses pensamentos, jogar meu celular no chão, se o intuito fosse liberar a raiva, ou chorar até secar, para aliviar eventual tristeza.
Mas não basta. Nada disso basta.
Então eu escrevo.

13.11.08

Alguém segura essas sinapses!

Final do expediente, fui ao fórum fazer um protocolo. Eu sempre vou no Hely Lopes, porque o fórum central é muito cheio. Cheguei lá às dez pras sete, e tinha uma filinha de funcionários do lugar esperando para passar o crachá de ponto na máquina tão logo o relógio marcasse a hora cheia.
Olhei para aquela galera e eu vi que eles estavam super se achando os malandros porque iam sair às 7 em ponto. A verdade é que eu também estava, porque como é que ninguém descobriu o Hely Lopes até hoje? Todo mundo vai no fórum central e as filas lá são gigantes!
De qualquer forma, eu fiquei na frente do guichê que recebe as petições refletindo que tem muitos animais malandros nesta natureza. O gato, que já nasce de bigode, o pato, que nasce com os dedos grudados para não usar aliança e o sapo, que não tem bunda e senta.
Mas espera... tem uma música que fala “que vida boa, ooo, que vida boa... sapo caiu na lagoa”. Se o sapo cai na lagoa, que é o habitat natural dele, então ele não é lá tão sagaz assim!
Porque, acompanhem, o sapo deveria dominar a lagoa, deveria coaxar na lagoa, deveria pular de vitória-régia em vitória-régia na lagoa, mas não cair nela!
Cair na lagoa não é malandragem alguma! E, dito isso, tendo eu provado o meu ponto sem deixar qualquer margem para argumentação em contrário, com quem eu falo para tirar o sapo do rol dos bichos malandros?
De outro lado, assim, apenas por amor ao argumento, admitamos que o sapo caia na lagoa sem que ele seja o maior loser... Como isso pode fazer a vida de alguém ficar tão boa a ponto dela se dignar a compor uma canção a respeito?
Superado este ponto, eu lembrei que esta música é sertaneja. Até há umas duas semanas, todo mundo a conhecia, menos eu. Isto me fez voltar à pergunta que eu tenho me feito recorrentemente nos últimos tempos: quando foi que sertanejo virou hype?
Ok, vamos por partes nesta busca incessante por resposta para este questionamento relevantíssimo. O Neto conhece, mas ele é do interior. A Carol também, mas ela assiste novela. Os amigos da Lê todos curtem, mas eles fazem medicina e, conclusão lógica, têm um parafuso a menos. Meu irmão gosta, mas acho que ele não conta, porque a vida toda ele foi conhecido em casa como “Daniel, o bregóide”.
E daí eu vi que ser paulistana, estudante de direito, pretensamente ocupada e da zona sul pode realmente te isolar de todas as novidades artísticas e tendências musicais do momento.
Mentira. E não, eu não vou por aqui, que eu não quero me arriscar a ser chamada de emo de novo.
Para concluir, acho conveniente que analisemos alguns possíveis fatores que contribuem para o sucesso:
(i) as letras são fáceis
(ii) os caras são dois - duplas sertanejas são sempre duas pessoas... e daí se você não gosta de um, muito provavelmente vai gostar do outro... ou não, mas aumenta muito as chances
(iii) alguns até são gordos, o que sempre favorece a empatia
(iv) eles acham que a vida é boa porque os batráquios tombam para dentro de lagos, ou, por outras palavras, “eles vêem a felicidade nas pequenas coisas”.
Em suma, what’s not to like?
É, Gabi, definitivamente, você anda sendo muito crítica...
E vejam, este era para ser um post sobre o quanto o comodismo dos funcionários públicos me irrita. Mas não, eu não vou mais escrever sobre isso. Ao contrário, vou deixar registrado aqui o meu protesto, sem nem prometer tentar reverter o quadro se/quando eu estiver do lado de lá da Força. Porque, afinal, a gente não liga para promessas.

11.11.08

Contra o imediatismo cego

Ontem eu amanheci doentona. Assim, ferrada mesmo. Dor por tudo que não queria saber de passar, e nenhuma disposição para fazer nada nessa vida.
Sim, eu já estou melhor, obrigada. Mas sei que não preciso ficar dizendo que esta experiência me fez refletir pacas e pensar em mil coisas legais que eu poderia escrever aqui, porque não é verdade.
Eu passei bastante tempo em casa nestes últimos dias, e li muito, porém nem por isso eu tive qualquer grande inspiração. Desde ontem, nada me tocou, nada me abalou, nada me deu vontade de escrever. E eu nem acho que isso seja ruim.
Daí agora eu estava aqui sentada de bobeira, e me veio uma letra de música do Snow Patrol à cabeça. Não, nem sempre elas contêm em si uma luz no fim do túnel, e essa diz “life is way too short to scream and shout”.
Isso me deixou um pouco irritada. Esse é o tipo de frase que você espera ouvir em bom baianês nas músicas dos Inimigos da HP ou da Banda Eva. Nenhum problema com eles, todo mundo os ouve, tanto que eu sequer vou me dar ao trabalho de negar.
O problema com esse gênero de música é que às vezes eles saem da temática sobre a alegria da capital baiana e como a vida pode ser boa durante as festividades carnavalescas para tentar se imiscuir nas questões do amor e seus correlatos da auto-ajuda e do aconselhamento. E daí eles falham feio.
Porque é simplesmente impossível a pessoa se contentar com a pouquíssima complexidade de músicas que reduzem todo o sentimento às sensações compartilhadas durante o sexo (ou antes ou depois), por mais fácil que seja confundir tesão com amor. E assim, é muito mais fácil do que eu gostaria que fosse. Então, sexo é legal pacas e tudo, mas não é amor, ainda que partes de mim desejassem que de fato fosse simples assim.
Voltando ao problema da simplicidade, estamos acostumados a ouvir chavões como “hoje eu só quero é beijar, beijar”, “é dia de festa” e vários outros, pregando a filosofia de aproveitar o dia loucamente, sem levar mais nada em consideração.
Não vou entrar no mérito do porquê destas músicas tratarem disto, com tanta freqüência e fazendo tanto sucesso, pois eu sei que não conseguiria fazê-lo sem soar preconceituosa. Estou querendo evitar.
Mas confesso que fiquei chocada quando ouvi o Snow Patrol - aquela banda inglesa que tem músicas lindas - pregando a mesmíssima coisa.
Assim, essa coisa do carpe diem nunca me convenceu, e isso de ter que viver cada dia como se fosse o último, pelamordedeus! Que pressão absurda!
Pelos idos de 1999, anunciaram que uma profecia do Nostradamus dava conta de que um asteróide cairia sobre a Terra no dia XI.8 (ehe) daquele ano, acabando com a vida como a conhecemos. Na época, eu me lembro que rolou uma grande pesquisa a respeito do que as pessoas fariam nos últimos dias de vida e tal.
E, como sói acontecer, teve todo tipo de resposta, desde quem torraria loucamente todo o dinheiro até quem se retiraria num acampamento holístico.
A conclusão a que eu cheguei, já naquela ocasião, foi a de que, se o mundo for de fato acabar, ninguém pode saber. Caso contrário, todos seríamos confrontados com uma situação de caos absoluto (porque eu é que não ia ficar escrevendo petição no último dia da minha vida enquanto você, caríssimo leitor, estivesse na praia) antes mesmo da grande destruição. Da mesma forma, não seria exigível fazer frentistas trabalharem, nem professores, nem prostitutas, porque afinal seria o último dia deles também.
A mesma idéia se aplica para a tão apregoada filosofia de viver cada dia como se fosse o último. Se todos a adotassem, não haveria meios de se conviver em sociedade. Então torçamos para que tudo não passe de rimas.
E sobre a minha indignação com o Snow Patrol, eu resolvi analisar melhor a letra da música, e verifiquei que, no caso deles, o sujeito está de fato na iminência da morte. Então tudo bem. Ufa!
A última observação que eu tenho a fazer é a de que, por mais bonita que possa parecer a idéia de levar a vida como se não houvesse amanhã, ela tem duas falhas: 1. E se aquilo que você anda esperando que aconteça estiver programado para depois de amanhã. E aí? 2. A chance de seu(s) último(s) dia(s) ser(em) como o meu de ontem - de cama, com dor - é muito maior do que a de ser(em) dia(s) ensolarado(s) da aurora da sua vida.
Portanto, carpe diem.

9.11.08

Pra não dizer que não falei de Obama

Desde 3ª feira passada, acho, quando foi anunciada a vitória do Obama na disputa pela presidência dos Estados Unidos, todo mundo só fala disso.
E eu, na minha incessante tentativa de me integrar à grande massa disforme a que se convencionou chamar de “todo mundo”, achei que seria de bom tom escrever sobre isso também.
Então é nóis. Li um artigo esses dias que tratava do seguinte: por baixo da pele, somos todos iguais. O próprio repórter falava que sabia que isso não era novidade para ninguém, mas que achou importante relembrar, já que, embora a vitória do cara tenha lá a sua importância do ponto de vista da superação do racismo, geneticamente falando, era tudo potêitous potátous o fato dele ser negro.
De todo modo, essa coisa de sermos todos iguais por baixo da pele me fez pensar. Então a gorda fumante (que fuma o cigarro mais incrivelmente fedido de todo o universo sempre na arcada ao lado da nossa), todas as piriguetes que vão pro baile sem calcinha, os corinthianos e o Obama, gente... por baixo da pele todo mundo é igual a mim! Medo! E depois que eu estiver bem mortinha, ninguém vai nem conseguir diferenciar se era eu ou eles... desaforo!
Assim, por favor compreendam que ser igual à gorda fumante não tem como ser bom e eu precisava expressar a minha revolta. Feito isso, foco!
Daí uma galera emitiu mensagens de congratulações. E quando eu digo “galera”, eu quero dizer galera mesmo. Para citar alguns: Lula, Angela Merkel, Gordon Brown, Chavez, Zapatero, Sarkozy. Agora todo mundo é best friend forever do Obama e o apoiou desde o início. Sei.
Teve ainda outras manifestações, tipo a revoada de balões na faculdade Zumbi dos Palmares e a decretação de feriado nacional no Quênia.
Pessoal, pega na mão da tia... não é para vocês que ele vai governar. Ainda bem, porque homem nenhum resistiria sem ser corrompido com tanto poder nas mãos.
E tem mais, é tudo muito bonito e muito empolgante, mas acho que a gente não deve esquecer que ele ganhou por muito pouco. Pouquíssimo. No voto popular, ele teve 52% contra 47% dos votos para o McCain (eu sei que essa conta não fecha, mas eu tenho certeza que foram esses os números que li!).
Desta forma, não fosse o McCain ter jogado contra si próprio, nada disso estaria acontecendo, a vitória foi apertadíssima.
Agora, o que eu achei mais interessante foram as reações dos prefeitos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Kassab mandou uma mensagem para o Obama, cujo destino mais provável foi o chamado arquivo L, ou lixo mesmo.
Mas o Paes ganha. Ele divulgou uma nota! O cara divulgou uma nota parabenizando o Obama, mano! Nem prefeito ele é ainda, e ele achou que seria pertinente divulgar uma nota! Convenhamos que faz todo o sentido, já que eu ouvi dizer que o Obama checa os jornais de grande circulação do Rio de Janeiro todas as manhãs antes de deliberar sobre os assuntos dos Estados Unidos. (ironia)
Ora, faça-me o favor! Depois o povo pergunta porque que eu não gosto de carioca! Além de eles terem aquele sotaque odioso, eles ainda me vêm com essa!

6.11.08

Curto, porém pretensamente profundíssimo

Tive uma epifania hoje que achei digna de ser compartilhada: só escreve quem é triste.
Antes, porém, de desenvolver a idéia, tenho que fazer uma observação. Uma das coisas de que eu mais me orgulho de pensar é que um conceito - que pode ser tido pela sociedade toda como uma verdade - só passa a ser seguido por mim a partir do momento em que eu o compreendo pelos meus próprios meios.
Então assim... eu já entendi alguns axiomas, mas outros, que permanecem carentes de comprovação, para mim não são verdades absolutas.
Por exemplo, já entendi que beber demais é ruim, depois do porre master, e que a religião pode ser boa para algumas pessoas, embora eu ainda não tenha conseguido compreender a necessidade dela na minha vida especificamente. De outro lado, ainda não saquei porque tem tanta gente que acha que homossexualismo é imoral e, para ser sincera, estou intuitivamente do lado daqueles que querem derrubar essa concepção.
Pois bem. A epifania. Estava eu hoje entrando no metrô meio tristonha porque a faculdade anda me oprimindo com handouts de civil para entregar cedo e a proximidade do fim, quando me veio um trecho de música à cabeça, daquelas músicas bobas que a gente cantarola do nada, sem nem saber porquê, e de repente ele fez todo o sentido. Um sentido que eu nem achava que ele tinha.
Foi aí que eu percebi que, de fato, a gente só escreve quando está triste. (Não sei se isso é verdade absoluta ou não, mas achei melhor me garantir.) Pensando a respeito, eu lembrei que eu li num blog outro dia o autor se desculpando pelo que ele chamava de hiato nos posts, mas justificando que a vida dele andava boa demais para escrever.
Continuei refletindo e cheguei à conclusão de que, de fato, eu não pararia a jogatina e comilança do “dia de tristeza” (que foi um dos mais divertidos da faculdade) para postar aqui. Não diria para a Camila, “não, não Mims, depois a gente joga tênis de mesa”, para escrever este post ou qualquer outra coisa.
Porque a felicidade amortece, deixa a gente acrítico. Não que isso seja um problema, mas ocorre. E ser triste não é exatamente ruim, se se encarar por este ângulo. Chego a dizer que é até saudável.
A seqüência deste pensamento é que só quando a gente está triste é que tem força e vontade para mudar as coisas. E, por sua vez, a seqüência deste último pensamento é que, no mais das vezes, se as coisas mudarem, elas podem ser melhores.
Eu desenvolveria o assunto, para dizer que talvez a felicidade seja mesmo uma grande utopia, já que acabei de afirmar que mudar pode fazer a conjuntura melhorar, mas não vou, primeiro porque eu não acredito nisso e segundo porque a idéia era fazer um post curto.
Ao invés disso, vou me valer da conclusão a que eu e a Má já chegamos há anos, quando a gente ainda era girinos: felicidade é uma questão de adaptação. Uso essa frase feita, e fecho o raciocínio antes que vocês percebam que ele está furado e caiu no vazio.
No mais, depois de tanto suspense, revelo qual era o trecho da música no qual eu estava pensando:
“para fazer um samba com beleza,
é preciso um bocado de tristeza,
é preciso um bocado de tristeza,
senão não se faz um samba não”.
Não se faz um samba, nem um post. Não se faz nada sem tristeza.
(Nem tão curto, nem tão profundo, mas altamente epifânico.)

4.11.08

Ontem também, um amigo meu, novo no Facebook, me mandou um convite de uma application cujo mote era mais ou menos assim: “virtual tree. Send it to all your friends. One by one, we can save the world from global warming”.
Tive que recusar. Puta convite sem sentido do caralho. Chega a ser ultrajante!
Quem foi o cuzão, a mente perversa e perigosa, que sentou um dia na frente do computador e decidiu clicar no botão “create application” para fazer um monte de arvorezinhas virtuais disfarçadas de boa causa?
Se eu achar esse cara, nele baterei com um taco de beisebol. Porque pensa... esse mínimo de atitude pode ser exatamente a resposta de que algumas pessoas precisam para sentirem que estão “fazendo alguma coisa” pelo planeta. E culpa de quem? Da mente perversa e perigosa!
Gente, fiquei passada! Tudo bem que aqueles que aceitam este tipo de convite não devem jamais, não podem, pelo bem da sociedade, ser confundidos com aqueles que plantam árvores e não usam mais sacolas plásticas, por exemplo. Mas daí eu - radical como às vezes sou nos meus posicionamentos - não sei se os aceitantes deveriam sequer ter o “direito” de se sentirem bem, que é o que a app faz com eles.
Ok, ok. O que eu faço? Bom, eu não uso sacolas plásticas. Acho o máximo do glamour ter uma shopping bag, mesmo que isso implique contato excessivo da carne moída com o lustra-móveis.
Pena que eu não vou muito ao supermercado.
Bom, eu sempre imprimo tudo o que posso em rascunho no escritório e faço as minhas anotações num bloquinho feito de papel reciclado. E fecho a torneira enquanto ensabôo a louça.
Agora, essas ações simples, sem nenhuma pretensão de parecer mais politicamente correta do que eu sou (o que, aqui entre nós, com duas ou três mentirinhas seria muito fácil), me permitem tripudiar de quem aceita convites para salvar o mundo com árvores virtuais, o que me leva inexoravelmente ao pensamento que eu estou tentando afastar de que se pá a humanidade está mesmo perdida.
Obviamente, esse meu amigo achou que eu estava apenas sendo arrogante e antipática, que provavelmente é a imagem que ele tem de mim mesmo. Mas tudo bem, acho que ele ainda me curte, mesmo assim. E agora acho que a sementinha está plantada (a do amor fraternal dele por mim, não a da árvore virtual. Droga! Detesto não resistir a piadas ruins!).
De todo modo, é para desconfiar de quem repassa convites para que plantemos árvores virtuais. E na boa... meu coração não é terra improdutiva, não vem querer cultivar nada nele não!
Ontem eu estava zapeando notícias no meu google reader e percebi que, mesmo com a eleição americana pegando fogo, a crise financeira mundial bombando e o mundo caindo aos pedaços, todas as notícias que eu tinha separado para ler eram - sob um determinado ponto de vista - inúteis.
Tratavam de curiosidades ou de assuntos paralelos a estes grandes temas. Nenhuma delas tinha qualquer relação com os medos que afligem a sociedade atualmente, nem falava de rumos da economia ou política.
Eu me dei conta disto no exato momento em que cliquei numa reportagem cuja manchete era algo do tipo “garota de 13 anos morre apedrejada na Somália após denunciar estupro”.
Tudo bem, eu vou ter que concordar com quem quer que diga que ler esta notícia foi o último de uma grande sucessão de erros. Obviamente, o primeiro erro foi a morte da menina. Não, não. Foi ela ter sido estuprada. Não, definitivamente o primeiro erro da cadeia foi algum doente ter pensado em fazer sexo com uma menina de 13 anos contra a vontade dela.
E vai ladeira abaixo a partir daí: o sexo forçado, (me recuso a dizer que a denúncia por parte dela foi um erro), o casamento forçado, a acusação de adultério, a morte por apedrejamento na frente de 1000 pessoas que assistiam a tudo num estádio de futebol. Mas não pára. Tem ainda a repercussão internacional com a mobilização a posteriori de entidades de direitos humanos, a publicação destes fatos num jornal que eu leio (eu sei que se pá eles têm o dever de publicar, mas eu não ligo de dizer que isso foi um erro, ou pelo menos o modo pouco humano como se tratou da questão) e, por fim, eu ter escolhido esta notícia para ler.
Eu sei que estou me arriscando em terreno perigoso. Se pá, na Somália, quem ainda não deu aos 13 já está velha e virou uma árvore seca. Não tenho como saber. Ainda assim, tenho a impressão de que ser acusada de adultério e ser apedrejada em público não é legal (no sentido de bacana, não no sentido de “condizente com a legalidade”) em lugar nenhum do mundo.
Daí eu me revoltei. Confesso que não foi uma revoltooona, mesmo porque eu acabei me distraindo com outros pensamentos e tarefas ontem, quando deveria de fato ter escrito sobre isso. (Quero dizer que se isto estivesse me atormentando muito, eu não teria esquecido.)
Ocorre que, quando você não está se sentindo a melhor das pessoas (Felipe Massa, laranjas, braço doendo e todo o resto), a menina morrer na Somália pode vir a te ferrar.
E me ferra, porque, apesar de eu ter escolhido o direito por pensar que podia fazer alguma diferença e corrigir certos desvios, eu estou aqui no confortinho da minha cama e a menina virou poeira cósmica.
Manipulada pela mídia? Muito provavelmente. Eu vivo sendo manipulada pela mídia. Outro dia eu me rachei de rir quando descobri que o pai da Eloá era um bandido foragido e a mãe dela seqüestrou aquele irmão mais velho dela lá para fugir para São Paulo e viver essa vida honesta e sincera que eles levavam até outro dia, quando o Lindemberg (“maior vilão” da história) resolveu surtar. O pai do moleque está há anos em Maceió lamentando a perda do filho, mas não tinha coragem de ir à polícia, por quê? Porque o pai da Eloá é bandidão, mano! Com medo!
Eu sei que ninguém merece ficar vendo a filha ser maltratada e depois morta por um louco, nem estou tirando os méritos do Lindemberg (sim, sacana, sim, louco, sim cuzão) mas vamo combiná: a galera ali muito não é flor que se cheire. E foi essa família de criminosos que mexeu com os sentimentos do Brasil, fez com que algumas pessoas (desocupadas, mas nem por isso menos seres humanos) saíssem das suas casas para chorar em frente às câmeras da TV e dizer que “perder a Eloá é como perder uma filha” e que mobilizou 30.000 indivíduos para acompanhar o féretro da menina.
Essa historinha que eu contei me permite chegar a duas conclusões básicas: 1. O fato de eu ter conseguido rir demonstra que eu não sou assim tããão manipulada pela mídia; 2. A mídia faz o que quiser com a cabeça da massa.
Eu sei, eu sei. Clichezão. Mas eu ainda não estou tão boa assim de escrever, quem sabe com a prática melhora.
E a verdade é que a melhor vertente para desenvolver esse texto seria falar sobre como acontecimentos semelhantes a este da Eloá despertam os mais variados e intensos sentimentos em pessoas que sequer a conheceram, e o porquê disso.
O problema é que para falar disso aí precisa de (i) tempo; (ii) coragem e (iii) conhecimento. Não tenho nenhum dos três, mas prometo que assim que eu conseguir a coragem, eu escrevo, nem que seja para dizer bobagem.
Mas o meu ponto, lá atrás, antes de eu me perder em devaneios, era: para a menina da Somália, de que adianta eu fazer direito?

Parece que todo mundo tem alguma coisa a dizer

Tudo começou no último domingo, dia inútil por definição que não fugiu à regra. Mas aconteceram várias coisas que foram me deixando triste, aos pouquinhos. E aí veio esta vontade de escrever que, segundo já me disseram algumas vezes, não deve jamais ser ignorada.
Felipe Massa perdeu o campeonato mundial de Fórmula-1. E eu, que nem ligo tanto para esse esporte, tinha ficado muito contente com a perspectiva de que ele ia ganhar, mas tomei um tombo.
Meu braço direito está doendo de um jeito que não está escrito em lugar algum, porque eu carreguei a Camila no colo ontem mais do que eu deveria e ainda joguei Wii.
Por fim, Mariana me fez ler artigos e ver um vídeo que me fizeram chegar a esta conclusão que dá nome a este... hum... texto... parece que todo mundo tem alguma coisa a dizer!
Os artigos falavam sobre os desafios de uma mulher solteira e bem-sucedida profissionalmente que foi morar sozinha no Rio de Janeiro. Sobre como ela sente vontade de dar, mas não pode, e como existem certas condutas que as pessoas adotam que são absolutamente ridículas.
Num dia normal, eu não teria achado nada demais. Na verdade, eu nem achei, mas gostei de como ela escreve porque ela não tem medo de falar caralho e chamar de filho da puta quem merece. Convenhamos, gordas em sapatos de salto com calças apertadérrimas e calcinhas minúsculas são umas mal-comidas ridículas e alguém tem que dizer isso a elas. Ou dizer, apenas.
O vídeo tratava dos pensamentinhos que a gente tem quando criança, mas que acaba reprimindo e depois esquece. Lembrei daquela passagem do Pequeno Príncipe (eu consultaria para escrever direito, mas o meu está com o André, em Portugal) em que o autor desenha a cobra que comeu o elefante e todo mundo diz que é um chapéu, o que faz com que ele acabe desistindo de uma carreira artística potencialmente promissora.
O vídeo em si tinha muitas pretensões de ser fofo e acabou ficando meio irritante. De todo modo, havia bons conceitos ali. Por exemplo, se nada nessa vida é perfeito, por que existe a palavra “perfeito”?
Então assim, talvez eu tenha certas coisas a dizer também. Não, eu não acho que as minhas serão de alguma forma melhores do que as da mulher mal-comida do Rio (pois é, ela escreve bem, mas isso não muda os fatos), ou do que as de Saint-Exupéry. Não dá sequer pra garantir que serão melhores do que os pensamentos que supostamente povoam a cabeça das criancinhas do vídeo.
Mas eu preciso dizer. E vou dizer porque eu recebi tantos elogios sobre a forma como eu escrevo essa semana (foram três, mas acho que isso já me dá a legitimidade que eu preciso) que a vaidade subiu à minha cabeça.
Hoje foi dia de finados e amanhã faz 9 anos que meu avô morreu. Nove anos! Tipo, quase uma década inteira sem o sr. Celso. E eu penso nele todos os dias, como tinha que ser.
A morte dele representou um desespero tão intenso que eu realmente não sabia para onde olhar, o que fazer. Eu me senti traída por ter acreditado tão sinceramente que aquilo não aconteceria daquele jeito, naquele momento. A este respeito, eu poderia escrever muito, porque falar do meu avô é facílimo. Entretanto, transcrevo apenas o seguinte trecho de uma música que eu tenho ouvido bastante:
“Sorrow drips into your heart through a pinhole/ just like a faucet that leaks and there is comfort in the sound”.
A primeira vez que eu escutei esta letra eu não entendi qual era. Depois, pensando a respeito, eu percebi que se aplica à história da perda de alguém de quem se goste muito, pelo menos para mim.
Para explicar, acho que eu tenho que dizer que realmente tenho um problema com sons repetitivos. Buzinas, alarmes de carros que disparam, campainhas (de porta, de celular), tudo o que é som e repetitivo e não é música me tira do sério.
A explicação que eu tenho é que até aquilo que mais perturba, mesmo o que incomoda muito fica pequeno e até reconfortante quando se está diante de uma situação dessa.
Era isso.