26.11.08

no meio do caminho

Outro dia, conversando com um amigo no MSN, eu percebi que eu estou sempre no meio do caminho. Estou entre ser boa aluna e largar isso de vez (porque o desprendimento de não ver aula eu já tenho, mas ainda me sinto obrigada a estudar mais do que é saudável para as provas), entre a iniciativa privada e o Ministério Público, entre ser boa amiga ou boa neta, e no meio de alguns outros caminhos sobre os quais eu sequer me atrevo a escrever.
Fosse este post um livro de auto-ajuda, eu diria que eu estou numa “fase de transição” - a galera da auto-ajuda é muito boa em arranjar nomes eufemísticos para quando você tá na roça.
Fosse isto um livro de teoria geral do Estado escrito pelo Tojal, minha situação atual se chamaria “crise dos paradigmas”.
Por esta lógica, fosse este humilde texto um livro de auto-ajuda-jurídica, seria uma “crise - do tipo ‘de crescimento’ - dos meus paradigmas”.
Não é, é antes um post-justificativa do porquê eu ando escrevendo pouco, e a culpa é das provas. O resto eu vou resolver, mas depois que elas passarem.
Agora, como eu já não estou estudando mesmo, vou aproveitar para compartilhar os meus pensamentos de, 2ª feira, quando eu estava indo para o escritório, debaixo de super chuva.
Eu tenho a impressão de que dias chuvosos me fazem pensar mais do que dias ensolarados, nem que seja só algo simples do tipo “ai, ainda bem que eu estou em casa”.
Na 2ª feira, eu não pude ficar debaixo do cobertor quentinho porque tive que ir trabalhar. Calcei as minhas botas, peguei meu guarda-chuva e fui.
Pensei que era bom ter botas naquele dia em que chovia torrencialmente, e que se eu não as tivesse calçado, eu certamente teria molhado os pés e passado o resto da tarde de mau-humor.
Achei que tinha sido uma boa idéia pegar a sombrinha, mesmo meio quebrada, ao invés de vestir a capa, porque eu não ia ter onde pendurá-la e ela ia ficar cheirando a mofo e eu ia ter nojo de vesti-la de novo depois.
Aí eu entrei no metrô, e sentei. Na estação seguinte à minha entrou uma mulher que me fez vivenciar a cena mais ridícula dos últimos tempos.
Convém observar que a idéia original não era parafrasear Drummond, mas parece que ele roubou essa frase para ele e agora quando alguém diz tem que citá-lo. Tudo bem, eu gosto dele.
Então, estava eu, indo para o escritório... e, no meio do caminho, tinha uma GORDA. E tinha uma gorda no meio do caminho.
Branca de pele, morena de cabelo, estatura mediana, indíce de massa corporal muito acima do recomendado pela OMS, vestindo uma bata larguinha. Manja aquelas mulheres “fortes”? Ela!
Parou na minha frente, com uma postura toda digna. Toda pomposa e cheia de si. Olhou para mim como se eu fosse um verme. Calmamente, abriu uma revista “Crescer” e começou a folhear.
Recapitulando, o quadro era o seguinte: estava eu sentada no banco marrom (jamais sentar nos bancos cinza-reservado do metrô), com uma mulher parada na minha frente, cuja linguagem corporal dizia claramente “você está no meu lugar”.
Só que esta distinta cidadã era gordíssima. E, a que eu saiba, o sobrepeso ainda não dá àqueles que o ostentam o direito de pleitearem lhes seja cedido o assento.
Daí a vadia abre uma revista de nenê, vários nenezinhos bonitinhos na revista inteira, e começa a folhear. Só pode ser palhaçada!
Não tinha, juro, não tinha como saber se ela estava grávida! A não ser pela atitude altamente sacana da revista, então eu não levantei. Pode ser que ela estivesse, porque ninguém sai por aí folheando revistas de nenê, não é lá que estão as melhores reportagens. Mas, e se ela não estivesse e eu levantasse para ela sentar?
Ridículo, a gorda me meteu na maior situação ridícula.
E as minhas retinas tão fatigadas nunca se esqueceram...

1 comment:

Carol said...

HAHAHAHAHA Uma vez eu sai do vagão porque eu não sabia se a mulher que me encarava era simplesmente gorda ou verdadeiramente gorda e grávida, a situação ficou tão insustentável que eu não aguentei, levantei, desci na estação seguinte, e peguei outro trem!