12.2.09

momentos-chave

Ontem à noite, antes de dormir, eu me peguei pensando no quanto a nossa vida é cheia de momentos-chave. Eu sei que pode parecer um discurso motivacional ("este é o momento-chave, a oportunidade que você não pode perder para ascender na carreira e ter a realização profissional com que sempre sonhou" blá blá), mas a minha idéia não é nem um pouco essa.
Para mim, um momento-chave é aquele no qual a pessoa se vê tendo de tomar uma decisão que afeta o curso da sua história, seja positiva ou negativamente.
É aquela situação em relação à qual, tempos depois, o indivíduo em dúvida vai repensar se fez a escolha certa, ou vai se questionar a respeito do que poderia ter acontecido - para melhor ou para pior - caso tivesse optado pela outra alternativa, já então descartada.
Ao fim, a pessoa acaba sempre decidindo que escolheu certo, mesmo que seja só para se consolar diante do erro óbvio, creio eu.
Mas como eu dia dizendo, ontem à noite, antes de dormir, eu percebi que existem muitos desses na vida. Por exemplo, eu ganhei dois brincos no natal, um dourado, da minha avó, e um prateado, da minha tia. E trouxe os dois na viagem.
Quando em cheguei em Luxemburgo, e já lá se vão algo como 4 semanas, percebi que eu tinha perdido a tarracha do meu brinco dourado, que a minha avó me deu.
Com certeza, aquela tarracha estava no trem, porque eu me lembro de ter entrado lá com ela. E eu dei uma procuradinha, mas acabei deixando de lado, porque eu queria conhecer a cidade e estava com um pouco de medo da coisa toda sair andando e eu acabar numa garagem de trens no meio do nada.
O que eu consegui com isso foi inviabilizar o uso daquele brinco, porque eu acabei por largá-lo no fundo da minha bolsa que, sujeita às mesmas intempéries que eu, molhou-se, nevou-se, secou-se e tudo o mais.
Daí o brinco estragou. Enferrujou uma parte e quebrou a outra. Dá, claro que dá para culpar a questionabilíssima qualidade do acessório, mas a verdade é que se eu - naquele trem em Luxemburgo - tivesse me dedicado mais a achar a tal tarracha, eu não teria estragado o brinco dourado que a minha avó me deu.
E eu sinto falta dele, porque, apesar de ordinário, ele era bonito... e, afinal, foi a minha avó que me deu. Então eu pensei que agora já não adiantava mais, que essa tarracha já teria sido varrida para um lixão ou estaria em Luxemburgo, quiçá na França, ou ainda em qualquer outro país por onde aquele um vagão daquele determinado trem pudesse estar passando e agora, mesmo se eu pudesse voltar lá - o que eu também não posso - seria impossível achá-la.
Cheguei à conclusão de que eu tomei a decisão errada naquele momento-chave.
E sim, era só da tarracha do brinco que eu queria falar o tempo todo.

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